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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013


Entrevista com Fabiu Cochabamba (Parte 2).

8- O que você costuma fazer para contribuir com a preservação da natureza?
Fabiu: Deixar os animais em paz é uma das coisas, mas há muito mais a ser feito como barrar consumismo, se envolver com estudos e aplicação de práticas em permacultura vegana, não frequentar supermercados e shoppings, desligar a TV, andar de bicicleta como transporte, cumprimentar as pessoas na rua, etc. Ainda falta muita coisa a se fazer.

9- Ouvi dizer que você vende camisetas para ajudar na consciência sobre o veganismo e que faz um delicioso queijo vegetal para venda. Como começou essas ideias e como as pessoas podem adquirir esses produtos?
Fabiu: Não gosto de chamar de produtos, pois não vivo das camisetas e não estou sob a lógica de mercado. A ideia das camisetas começou em 2009 e teve início em 2010 com o intuito de fazer algo de acesso popular em nossa língua portuguesa. Eu repasso uma ideia, sem marca, nem ONG, instituições ou apoio de corporações e governos. Toda verba arrecadada volta para a continuidade do próprio projeto, que não leva meu nome. O preço popular de R$ 9,90 já fala por si só e vem sendo mantido desde o começo. Eu não vivo disso e por esse motivo já são mais de 3 anos  sem aumentar o valor, e segundo estimativas assim será possível até completar 5 anos de projeto, no meio de 2015. É uma iniciativa que na própria prática quebra qualquer ideia de elite. O projeto tem sua alma. É uma atividade extra em minha vida que não envolve as energias do dinheiro. Meu maior lucro são as amizades espontâneas que florescem por todo o país.
Não divulgo de porta em porta. As pessoas interessadas entram em contato comigo e disponibilizo. A grande massa das encomendas é feita em meu perfil pela internet e eu envio pelos correios dentro de caixas de suco reutilizadas, ou então quando me encontram pelas ruas e eventos. Pega quem procura e sente a necessidade de usar uma palavra que ainda não temos em nosso dicionário. Parece que finalmente esse termo surgido em 1944 vai entrar para alguns dicionários brasileiros nesse ano de 2014, sete décadas depois.
Quanto mais cedo uma pessoa tem contato com o termo e seu significado, mais cedo é ampliada a possibilidade de passar a considerar eticamente os animais e exercer esse respeito. É muito fácil ser vegano.



Quanto ao QueijoVegano que hoje faço e chamo de Vegão, surgiu naturalmente por eu ser um ex-dependente químico de queijos. Meu processo para abolir foi idêntico ao de ex-drogados, com a agravante de que eu não estava fazendo mal só pra mim, mas também aos animais e ecossistemas. Descobri sobre os opiáceos morfínicos presentes no leite quando li o livro Galactolatria. Me culpei por muito tempo quando não conseguia parar com os queijos sem saber que no queijo esses opiáceos são 10 vezes mais concentrados (manteiga 40 vezes e ghee 60 vezes mais). Eu me sentia mal pois minha consciência duelava com meu vício. No início fiz até uma comunidade num fórum do Orkut que reúne gratuitamente mais de 50 receitas de queijos vegetais. Sou mais viciado em queijos do que os mineiros e aboli esse uso. Toda essa luta contra o vício resultou na produção de um queijo que hoje faço. Sou muito crítico e acabei desenvolvendo um queijo que realmente tem sabor de queijo, sem usar soja nem 10 litros de leite roubado das vacas pra cada quilo, todo sofrimento e poluição que o queijo animalizado deixa no planeta Terra, além do estratosférico desperdício de recursos e infinitas mazelas a nossa saúde.
O Queijo Vegano que faço (Vegão) é um queijo para todas pessoas, não só para veganos. É um queijo artesanal sem lactose, sem caseína, sem coalho animal, sem pus, sem colesterol, sem glúten, sem soja, sem transgênicos nem corantes. Por não escravizar e nem matar animais acaba deixando um menor impacto sobre o planeta, pois não desvia milhares de grãos e nem milhões de litros de água para produção de sua matéria prima. Por consequência, não deixa toneladas de excrementos, nem gás metano; problemas de todos os laticínios.
É trabalhoso e perecível, por isso faço só por encomendas ou então para eventos que me convidarem, tudo a R$ 5 a unidade. Esse ano vou completar 5 eventos como queijeiro, desde agosto quando comecei essa distribuição, e a alta aprovação tem feito com que eu continue para realizar meus sonhos de  autonomia.



 10- Muitas são as pessoas que gostam de animais, mas pela cultura egoísta e já enraizada pela sociedade dizem não conseguir parar de comer carne, pois é muito difícil e o sabor é muito bom, o que você falaria para elas?
Fabiu: Repito que o problema não está só na carne. Por exemplo, há mais sofrimento e mortes envolvidos nos laticínios e ovos do que na própria carne. Independente do tipo de exploração e vício, podemos refletir sobre nossos prazeres buscando outras formas de saciá-los, sem intervir na liberdade de outros indivíduos. O planeta é muito vasto para se apegar na picuinha da exploração animal.
Tem um áudio, com dicas práticas e efetivas, que sempre indico para as pessoas que dizem considerar os animais, mas que ainda estão com dificuldades em adentrar em forma de ações reais nesse processo, segue o link para audição: http://soundcloud.com/fabiochaves/podcast-fracione-portuguese

 11- Deixe aqui uma frase que você mais gosta sobre a causa.
Fabiu:  "Não é demonstração de saúde ser bem ajustado a uma sociedade profundamente doente." Jiddu krishnamurti
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terça-feira, 10 de dezembro de 2013


Entrevista com: Fabiu Cochabamba (Parte 1)


    Hoje vou postar uma entrevista com um vegano de Florianópolis-SC que é bem posicionado na causa vegana, não apenas com a escolha de não comer, vestir e utilizar frutos de exploração animal, mas que também têm projetos  e que ajuda no que pode a causa animal. As respostas do Fabiu foram bem objetivas e esclarecedoras para mim e espero que para vocês também. Gostei muito de saber um pouco sobre ele e de como começou a sua história no veganismo.
    A entrevista está intacta, todas as perguntas e respostas estão transcritas para cá da forma em que ele respondeu. Como ficou grande eu vou dividi-la em 2 partes para que todos leiam e não tenham aquela velha desculpa que passou aqui rapidinho e não pôde ler.
Toda história de vida que passa por aqui é um aprendizado. Obrigada Fabiu por ter me permitido aprender mais um pouquinho com você. Ainda tenho muito o que percorrer.



    Nome: Fabiu Cochabamba
    Idade: 34
    Cidade/Estado/País: Florianópolis-SC - Brasil
    Estado civil: Livre
    Profissão: Encanador
    Vegano desde quando: estou vegano desde 2009
    Redes Sociais www.facebook.com/fabiuvegano

    1- O que significa veganismo para você?
Fabiu: Significa deixar os animais em paz. Considerar que os animais não são escravos para humanos, nem propriedade. Sendo assim não partilhar disso, exercendo o mínimo de respeito no dia a dia para com eles. Veganismo é libertação humana e não humana. A questão não é somente como tratamos os animais nas mais diversas áreas, mas sim o uso de animais para nosso benefício. Veganismo significa ética abolicionista perante todos os animais, libertar animais humanos e não-humanos desse ciclo de exploração e violência, é o mínimo que podemos fazer.

2-  Como você se tornou vegano?
Fabiu: Eu achava que era defensor dos animais desde criança, mais precisamente quando na adolescência me tornei vegetariano em 1994/1995, porém em 2004, pela primeira vez, tive contato com a palavra “VEGAN” e só aí comecei a ver que “ser a favor de verdade para o bem dos animais” não se restringe só ao fato de não comer a carnes, frutos de assassinatos cometidos. Percebi que vai muito além desse mísero ato, daí comecei a desconstruir vários costumes, como principalmente o consumo de queijos animais aos quais eu era assumidamente viciado. Foi um começo no desvendar de muitos dos processos aos quais nós humanos exploramos animais, intervindo na liberdade deles. Investigações que geram ações abolicionistas no dia a dia, não só na alimentação.

3- Você procura informações sobre a causa abolicionista animal e sobre nutrição vegana através de quais fontes? Livros, revistas, sites, blogs... mencione o nome.
Fabiu: Desde sempre eu me envolvo no tema, dia e noite. São vários meios, mas me concentro mais em grupos de estudos presenciais, palestras, cursos livres, livros, sites e debates em redes sociais. Não espere nada das TVs e demais mídias de massa, elas não são feitas para isso. Hoje em dia quem se envolve consegue facilmente muitas informações para ter mais autonomia.
Pra quem está começando indico 2 livros: Galactolatria, da Sônia T. Felipe, livro independente o qual distribuo para todo país, e o Introdução aos Direitos Animais do Gary L. Francione, traduzido recentemente para nossa língua.

  4- Seus familiares são veg(etari)anos? Se não, como eles se comportaram ou ainda se comportam com a sua escolha alimentar e de vida?
Fabiu: Não são vegana(o)s nem vegetariana(o)s e não me atrapalham... Mas se atrapalham em não mudar para largar o egoísmo do vício social antropocêntrico estimulado numa sociedade anestesiada e paralisada pela elite dominante. O consumo deles com remédios só aumenta, o que é muito bom pras corporações que fazem toda lavagem cerebral, costurando teias sociais nas classes médicas, grande mídia e religiões.

   5- E seus amigos? Todos são veg(etari)anos? E os onívoros, como eles  se  comportam?  Fazem piadinhas de mau gosto?
Fabiu: Eu vivo no Planeta Terra, minhas amizades são bem variadas. Todos nós humanos somos da espécie onívora, escolhi em ter uma alimentação estritamente vegetal para libertar os animais. E grande parte das pessoas que ainda não são veganas, pois ainda possuem uma dieta onívora, me respeitam naturalmente. As piadinhas vão diminuindo a medida que os argumentos ficam mais consistentes e o posicionamento não seja confuso, pois veganismo não é a mesma coisa que vegetarianismo.

6- Para você é importante ter uma namorada que também seja vegetariana ou não se importaria em namorar com alguém que come carne? Por quê?
Fabiu: Em primeiro lugar o problema não está só na carne, não há motivos para tratarmos a carne como um problema maior que laticínios, por exemplo, ou couro, gaiolas, mel, lã, aquários, laçadas, etc. Uma pessoa que namoramos é uma pessoa que compartilhamos valores de vida, então é natural que esses valores éticos estejam em sintonia. A pessoa pode ainda não estar vegana, mas se ela entender que esse é o caminho a se chegar e estiver empenhada de verdade nisso, daí não há motivos para não haver uma continuidade na partilha e soma de energias.

7- Você costuma participar de eventos veg(etari)anos? De que forma?
Fabiu: Variados tipos de participações em variados tipos de eventos veganos que me interessar. Assistindo, colaborando, debatendo, palestrando, limpando o chão, emprestando itens que precisar, distribuindo camisetas veganas, arrumando cadeiras, vendendo queijos artesanais veganos, apresentando pessoas que ainda não se conhecem, convidando pessoas quando também não posso participar, enviando material para agregar ao evento, etc. Não sou propriedade de nenhum grupo, mas participo de vários e vou polinizando em cada um para cruzar as vivências.


A segunda parte da entrevista será postada amanhã, então fiquem ligados e conheçam um pouco mais da vida desse querido catarinense.
Ele tem mais para nos contar. Se eu fosse você não perderia.

Link da segunda parte da entrevista: 
http://superveggs.blogspot.com.br/2013/12/entrevista-com-fabiu-cochabamba-parte-2.html

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