Entrevista com Alípio Manuel (Parte 1).

Uma pessoa sorridente, alto astral, amigo dos animais e da natureza. É assim que eu defino Alípio que do outro continente tem me ensinado muitas coisas interessantes. Vejam a entrevista que fiz com ele.

Nome: Alípio Manuel Pereira
Idade: 27

Cidade/Estado/País: Glória do Ribatejo, Conselho de Salvaterra de Magos/ Distrito de Santarém/ Portugal

Profissão: Cadie

Segue que tipo de dieta vegetariana: Vegano

Desde quando: Vegetariano há 3 anos e vegano há 2 anos.

Redes sociais: https://www.facebook.com/A.M10Pereira

1.  Alípio, conte para nós como que você começou a seguir a filosofia vegetariana. Quando sua consciência acordou para essa questão?

R:  Viva Vanessa, antes de mais é um prazer poder participar desta sua entrevista, sinto-me quase como se fosse alguém importante, mas no entanto sou apenas mais uma pessoa que ama os animais, a vida e o planeta, é quase paródia o que tu me estás a fazer, "você me pegou ". 

Então, vamos lá, eu comecei ou acordei para o vegetarianismo aos 24 anos, quando li num artigo que relacionava doenças que o ser humano contraía e o consumo de carne, lembro-me que a percentagem era assustadora, senão me falha a memória era algo como 75% a percentagem de doenças que nós contraiamos entre todas as doenças só por via de comer carne. O que me assustou, foi então que cortei nas carnes vermelhas. O amor aos animais eram limitado aos animais de companhia, como o cão, o gato, o canário, etc, devida à forma como fui criado e educado, nessa altura ainda era especista e nem sonhava que existia um termo para definir as pessoas que amam uns animais e desvalorizam outros! Depois o amor pelos animais aumentou e as minhas questões internas começaram a soltar-se, haviam muitas perguntas, e eu queria respostas. Houve duas mudanças cruciais na minha vida: Um livro sobre o ambiente chamado "Homem impacto zero" de Colin Beaven e ter lido sobre Paul McCartney, a sua citação está na minha mente pra sempre: - "Há muitos anos, estava pescando e, enquanto puxava um pobre peixe, entendi: eu o estou matando, pelo simples prazer que isso me dá. Alguma coisa fez um clique dentro de mim. Entendi, enquanto olhava o peixe se debater para respirar, que a vida dele era tão importante para ele quanto a minha é para mim"  foi então que me libertei mais e decidi parar de comer carne, pois para mim o que ele disse fez todo o sentido do mundo e eram ideais com os mais nobres valores. Ainda continuei comendo peixe, ovos e leite até aos 25 anos, até que o sentimento de culpa aumentou ainda mais, não vivia bem comigo mesmo e abdiquei de tudo o que era animal e derivados. Depois  descobri o que era o veganismo e comecei a abolir roupas, e qualquer prática de exploração animal, pois para mim é o mais correto neste mundo, afinal, somos todos terráqueos, todos seres do mesmo mundo. Bem isto está um pouco resumido, houve outras situações, outros empurrões que me dei a mim mesmo, mas não quero por ninguém a dormir (risos).

2. Sua família é vegetariana? Se não, eles aceitaram bem a sua escolha, ou tiveram alguma resistência?

R: A minha família não aceitou bem, no início tive de lidar com muitas bocas, especialmente do meu pai, muitas delas aborrecidas, mas não abdiquei nunca de seguir os meus ideais e os ideais que se mostram mais adequados ao mundo que vivemos e à harmonia entre espécies. Uma vida é uma vida, tem o mesmo valor para qualquer que seja o seu portador. Ainda hoje ouço comentários do meu pai... mas já se habituou à ideia, já os faz de forma mais pacifica (risos). Eles em parte já reduziram o consumo de carnes por minha culpa, e basta um deles não comer carne e comer uma alimentação mais saudável que o outro fica logo com remorsos e gera discussão à mesa por peso na consciência, infelizmente, estão demasiado enraizados para a mudança total.

3.  E seus amigos? Eles questionaram a sua mudança de hábito alimentar?

R: Os meus amigos são quase todos onívoros, onde eu vivo, apenas conheço duas pessoas vegetarianas. Alguns deles dizem que faço bem e que é saudável e que gostavam muito e até comem muita verdura, mas que não conseguem passar sem carne, o que me entristece, de facto, alguns desses "amigos" acabaram por se afastar pelo facto por eu ser um defensor dos animais, o que me fez rir e espantou. A melhor que ouvi foi o seguinte comentário : - "Sabes, não podemos ser mais amigos nem relacionar-se, tu não comes carne e és contra as touradas, não temos nada em comum, nem consigo falar contigo porque não gostas de uma boa tourada, e quando quiser ir jantar contigo, não posso porque tu não comes o que as pessoas normais comem ou se quiser comprar uns tênis de pele tu não vais dar a opinião, logo não temos nada que nos ligue....". Felizmente este tipo de pessoas tem se afastado naturalmente, e não me preocupa, porque essas pessoas têm muito pouco para nos oferecer a nós e ao nosso planeta e a todos os seres vivos. Vivo bem com o que faço, logo sinto-me sempre completo, e os que são verdadeiramente meus amigos sabem medir ou sabem usar o humor "negro", respeitam-me. Eles também sabem que os condeno por comerem carne, mas como nem todos nós temos o CLICK à mesma hora, e infelizmente o meu só apareceu aos 24 anos e por iniciativa própria,e por não ter tido uma educação justa para com os animais ou com o mundo, eu sou tolerante com eles, e verdade seja dita, há um ou outro que está por um fio para se tornar vegetariano.

4. Para você é importante ter uma namorada que também seja vegetariana ou não se importaria em namorar com alguém que come carne? Por que?

R: Bem, esse é uma pergunta daquelas ... o que posso dizer sobre isso, talvez que cada vez mais creio que sim, é talvez a forma mais justa e mais harmoniosa de conseguir uma relação estável. Com uma pessoa omnívora também, desde que se saiba falar, tenho um amigo vegano que namora uma onívora, e dão-se bem, ela respeita as opções dele, quando faz o jantar para ele, fá-lo com gosto, porque sabe que os ideais dele são os melhores, infelizmente há pessoas que o hábito é uma droga, quando se tenta parar causa transtorno e então vivem presos a eles. Ele só cozinha vegetariano para ela (risos), mas ela até gosta. Em suma, acho que é possível ambas as relações, porque o amor entre os dois aos dois se confina, o amor a terceiros aí já é diferente. Mas acho que que uma namorada verdinha será a mulher perfeita (risos).

5. Quando você virou vegetariano, em quais lugares procurou informações sobre alimentação?!

R: Procurei nos motores de pesquisa, tudo o que está relacionado e fui lendo e lendo, ainda hoje estou aprendendo, há sempre muito que aprender e ainda sou novato neste mundo "verde". O meu conceito base é, e do que li, resumi principalmente ao seguinte : Comer o máximo de alimentos possíveis num prato e de cores diferentes, esta é a melhor forma de se garantir uma alimentação equilibrada e completa. Não dispenso os substitutos como o seitan, tofu e soja. A maior parte das minhas refeições leva sempre misturado com o restante um destes 3 ingredientes.